Amor(es) Verdadeiro(s) – Taylor Jenkins Reid

“TALVEZ TODO MUNDO TENHA VIVIDO UM MOMENTO QUE SERVE COMO UM DIVISOR DE ÁGUAS NA VIDA. OBSERVANDO NOSSA LINHA DO TEMPO, DEVE EXISTIR UM MARCO DO CAMINHO, ALGUM EVENTO QUE NOS TRANSFORMOU, MUDOU NOSSA VIDA DE FORMA MAIS PERCEPTÍVEL QUE OS DEMAIS.”

PÁG. 11

Um pouco menor que seus outros trabalhos, em Amores Verdadeiros, Taylor Jenkins Reid entrega uma história de amor abalada pelo destino. Emma perdeu o marido, Jesse, para um acidente de helicóptero e depois de anos vivendo seu luto conseguiu se reerguer. Atualmente, ela está noiva de Sam, que é apaixonado por ela desde a época da escola, mas tudo muda quando Emma recebe a ligação de seu marido dizendo que está vivo e voltando para casa.

Em seguida, o leitor é transportado para o passado, mais especificamente para a adolescência de Emma (quando ela se apaixonou por Jesse), para entender a história dessas três vidas interligadas até o momento presente da história. E é aí que entra um possível problema…

Essa primeira parte dura, praticamente, metade do livro, o que pode prejudicar a dinâmica da história para o leitor que está mais ansioso para saber o que Emma irá fazer, já que levou um mini-spoiler logo no primeiro capítulo. Porém, pessoalmente, não vejo como o livro funcionaria de outra forma e acredito que talvez seja este o motivo pelo qual a autora optou por um livro mais curto para contar essa história.

“QUANDO AMAMOS ALGUÉM, ISSO TRANSPARECE EM TUDO O QUE FAZEMOS, TRANSBORDA EM TUDO O QUE DIZEMOS, SE TORNA UMA REALIDADE TÃO PALPÁVEL QUE VIRA UMA COISA CORRIQUEIRA PARA FALAR, POR MAIS EXTRAORDINÁRIO QUE SEJA O SENTIMENTO POR TRÁS DAS PALAVRAS.”

PÁG. 167

Enfim, Jesse volta e tudo vira uma bagunça até os três personagens conseguirem enfrentar a realidade e enxergar uma solução. Como fizemos uma visita ao passado, sabemos como cada personagem evoluiu (ou não) e como isso afeta o presente da história. Emma, por exemplo, era como uma rebelde sem causa na adolescência, queria viver longe da responsabilidade da livraria dos pais e sair para conhecer o mundo. Jesse, na época um grande nadador da equipe escolar (forçado pelos sonhos e planos dos pais), sentia as mesmas coisas e, por isso, os dois acabaram se unindo logo jovens. Já em Sam, apaixonante desde o primeiro momento, percebe-se uma maturidade que para muitos adolescentes pode ser vista como caretice (o típico jovem prodígio sonho de todos os pais). Não preciso dizer que Emma e Sam não deram tão certo nessa fase.

Porém, veio o acidente de Jesse, o luto de Emma e o jogo do destino que a fez se reencontrar com Sam e começar a viver uma história de amor depois de anos. A “nova” Emma (depois de enfrentar a perda do marido e reconstruir sua vida na cidade dos pais) se encaixa perfeitamente com Sam, que é apenas uma versão melhorada do que já era bom no passado. Quando Jesse retorna, obviamente, ele quer que tudo volte ao normal e vai fazer de tudo para reconquistar Emma. Mas será que eles são o que o outro precisa? Será Jesse o mesmo depois de passar anos perdido numa rocha em mar aberto? Sam irá lutar pelo seu noivado? Emma vai ter que decidir entre os dois amores verdadeiros de sua vida?

A narrativa é bem no estilo coming of age (os chamados romances de formação ou amadurecimento) e se aproveita de um drama do futuro para atiçar a curiosidade do leitor e contar o passado através de conflitos que dizem respeito apenas aos personagens. É muito difícil julgar as atitudes de cada um e, mais ainda, se colocar no lugar de Emma, Jesse e Sam.

“É DIFÍCIL AMAR DEPOIS DE TER O CORAÇÃO PARTIDO. É DOLOROSO E NOS FORÇA A SERMOS TOTALMENTE SINCEROS SOBRE QUEM SOMOS. PRECISAMOS NOS ESFORÇAR MAIS DO QUE NUNCA PARA ENCONTRAR AS PALAVRAS PARA EXPRESSAR NOSSOS SENTIMENTOS, PORQUE ELES NÃO CABEM MAIS EM NENHUMA MEDIDA PRÉ-FABRICADA. MAS VALE A PENA. PORQUE EXISTE UM PRÊMIO POR ISSO: GRANDES AMORES. AMORES COM SIGNIFICADO. AMORES VERDADEIROS.”

PÁG. 282

A autora realmente consegue envolver o leitor e fazê-lo torcer pelos personagens, chorar por eles e até mesmo dar boas risadas em alguns momentos. Taylor Jenkins Reid entrega exatamente o que promete, mas não chega a ser seu melhor livro.