Auxílio emergencial depende do timing da política, diz Guedes

O presidente Jair Bolsonaro reuniu a cúpula do governo na manhã desta sexta-feira (28/08) para discutir os detalhes da prorrogação do auxílio emergencial, que deve ser pago até o fim do ano com um valor intermediário entre os atuais R$ 600 e os R$ 200 imaginados inicialmente pela equipe econômica. A decisão e o anúncio dessa medida, porém, agora estão dependendo do “timing político”, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes.

“O timing quem dá é a política”, afirmou o chefe da equipe econômica, após a reunião com o presidente Bolsonaro, que também ouviu ministros palacianos e o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, sobre o assunto nesta sexta-feira. “Nós temos as simulações todas preparadas. Agora, o timing, o nível de auxílio emergencial, de Renda Brasil, tudo isso são decisões políticas”, emendou Guedes, em entrevista à Globonews.

A expectativa é que o governo pague um benefício de R$ 300 aos brasileiros que estão recebendo o auxílio emergencial nos próximos meses. E o anúncio não deve demorar muito, já que a quinta (e, até então, a última) parcela dos R$ 600 começou a ser paga nesta semana.

O próprio Bolsonaro já vem tentando preparar a sociedade para a redução do benefício. Nesta sexta-feira, por exemplo, ele disse que R$ 600 é muito e R$ 200 é pouco. Ele também criticou quem está reclamando da redução dizendo que o auxílio “não é aposentadoria”.

Na live dessa quinta à noite, Bolsonaro também lembrou que o auxílio nos moldes atuais custa cerca de R$ 51 bilhões por mês. Para o presidente, é pouco para quem recebe, mas muito para o governo brasileiro, que vai precisar se endividar novamente para continuar pagando o auxílio emergencial.

A duração do auxílio, contudo, ainda não está certa. Inicialmente, o plano era levar o benefício até dezembro. Porém, com o Renda Brasil indefinido, já há quem diga que o auxílio pode entrar nos primeiros meses de 2021.

Sobre o Renda Brasil, por sinal, o ministro da Economia admitiu que o governo ainda está “tentando acertar os números”. Por isso, reconheceu que o programa pode não ser apresentado junto com a prorrogação do auxílio, como desejava Bolsonaro. Segundo Guedes, o Renda Brasil pode ficar para o fim do ano ou o começo do ano que vem. Ele garantiu, por sua vez, que “está tudo claro, tudo tranquilo e que é “perfeitamente legítimo” o presidente dizer se uma coisa está bom ou ruim.

O ministro foi criticado publicamente nesta semana por Bolsonaro por propor o fim de programas sociais como o abono salarial para bancar o Renda Brasil em 2021. O presidente chegou a dizer que essa discussão estava suspensa e não seria levada ao Congresso, porque não podia “tirar do pobre para dar aos paupérrimos”. Por isso, exigiu que Guedes apresentasse novas propostas de recursos para o programa nesta sexta-feira.