Sinopse Harper Collins: Drácula, de Bram Stoker, é a mais famosa história de vampiro já escrita, embora não tenha sido a primeira a descrever a malignidade dos mortos-vivos — muito menos a última. Em comemoração aos 120 anos de publicação de Drácula, esta antologia única reúne 25 contos raros escritos entre 1867 e 1940 por autores igualmente geniais, como Sir Arthur Conan Doyle e M.R. James. Herdeiros de Drácula é um verdadeiro banquete para todos os aficionados por literatura fantástica e sobrenatural, um delicioso mergulho na história desses seres fascinantes e assustadores. (Resenha: Herdeiros de Drácula – Org. Richard Dalby)
Opinião: Coletâneas de histórias costumam resultar, na maioria dos casos, em altos e baixos, com narrativas muito boas e outras que deixam bastante a desejar. Isso não é um defeito, apenas uma característica que fui notando ao longo das diversas obras que li. Incrivelmente, Herdeiros de Drácula se mostrou um ponto fora dessa minha estatística pessoal. Os 25 contos nele reunidos são de extrema qualidade e também bastante diversificados, embora tratem de uma mesma temática: o vampirismo.
Publicada em 1897, Drácula é sem dúvida a obra mais famosa protagonizada por um vampiro. Em Herdeiros de Drácula, Richard Dalby reuniu tanto histórias anteriores ao sucesso da obra de Bram Stoker, quanto contos posteriores que podem ter sofrido influência direta dessa alta popularidade do tema. Nomes consagrados da literatura como Arthur Conan Doyle figuram junto a autores totalmente desconhecidos no Brasil ou que já repousam no esquecimento a algum tempo. O resultado é pra lá de prazeroso para quem curte o gênero terror.
O livro mergulha no bizarro, no desconhecido e no inexplicável em histórias que falam sobre “sugadores de vida”. Essa vida tanto pode ser sangue quanto a alma ou a energia. A figura do vampiro cede espaço, em alguns contos, para seres que também precisam sugar algo de suas vítimas para se manterem vivos e saciados. Em comum todos trazem a maldade como principal característica. Com isso, percebemos a força dessas lendas junto ao público leitor dos fins do século XIX e início do XX.
Uma curiosidade presente nestes contos e que sempre me chamou a atenção em obras do gênero, e que vamos encontrar em diversos outros autores, é que os contos são sempre narrados por uma pessoa que ouviu aquela história e decidiu registrá-la para a posteridade. São raras as narrativas em que o narrador é também o protagonista da trama. Aproveito para chamar atenção ao fato de que precisamos ler estas histórias com a consciência da época em que foram escritas. Elas guardam estilos narrativos que podem soar inocentes ou sem efeito para nós, mas que funcionavam perfeitamente bem para o período em que foram publicadas.
Destaco para os leitores os contos: A árvore assassina, O mistério de Campagna, Solto, A Parasita, O quarto de pedra, Marsias em Flandres, O travesseiro de penas, A estranha morte de Morton, O sumagre, O poço das lamentações, Princesa da escuridão.
Além de ser um compilado de histórias de horror, Herdeiros de Drácula é também um interessante documento histórico sobre a literatura do gênero. Aos leitores que costumam relacionar vampiros apenas com novelas, séries adolescentes ou filmes de anos mais recentes, este livro é de conhecimento obrigatório. Ao mergulhar nos contos, aqui dispostos em ordem cronológica, vamos acompanhando as formas como cada época se relacionou com o sobrenatural e o oculto. A figura do vampiro é muito mais antiga do que se pensa, foi sendo construída ao longo das décadas e sofrendo influências de cada período histórico. Os vampiros se apresentam na literatura refletindo, mesmo que discretamente, as características dos leitores e da sociedade de cada época. Vale conhecer essa cronologia e se encantar com o poder das lendas junto ao nosso imaginário. E na dúvida, tenha sempre um crucifixo na mão!
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