O POLÍMATA – PETER BURKE

Sinopse: De Leonardo Da Vinci a John Dee e Comenius, de George Eliot a Oliver Sacks e Susan Sontag, os polímatas moveram as fronteiras do conhecimento de inúmeras maneiras. Mas a história pode ser cruel para estudiosos com tais interesses enciclopédicos. Com muita frequência, esses indivíduos são lembrados apenas por uma parte de suas valiosas realizações. Neste relato envolvente e erudito, Peter Burke defende uma visão mais global. Identificando quinhentos polímatas ocidentais, Burke explora seus estudos abrangentes e mostra como a ascensão desses intelectuais correspondeu a um rápido crescimento do conhecimento nas eras da invenção da impressão, da descoberta do Novo Mundo e da Revolução Científica. Só mais recentemente é que a aceleração do conhecimento levou a uma maior especialização e a um ambiente que dá menos apoio a acadêmicos e cientistas de amplo espectro. Abordando desde a Renascença até os dias atuais, Burke muda nossa compreensão dessa notável espécie de intelectual.

Resenha/Opinião: Escrito pelo historiador inglês Peter Burke, “O Polímata – uma história cultural de Leonardo da Vinci a Susan Sontag” foi publicado originalmente em 2020 e chegou ao Brasil no mesmo ano pela editora Unesp. Burke em seu livro nos fala sobre os polímatas, pessoas que dominaram ou dominam vários áreas do conhecimento humano, para muitos, são aquelas pessoas consideradas enciclopédias humanas. Contudo, nesse livro o autor não demonstra como ser tornar um polímata, ele na verdade faz um apanhado, um panorama histórico sobre esses estudiosos de várias áreas do conhecimento, aliás, Burke nos apresenta alguns dos mais famosos polímatas desde o século XV até os dias de hoje e dentre essas pessoas, talvez a mais famosa delas é justamente Leonardo da Vinci que atuava como matemático, cientista, botânico, escultor, poeta, músico, engenheiro e pintor.
Durante a leitura nós percebemos o tipo de polímata analisado por Burke, tendo em vista que o autor se concentra no conhecimento acadêmico, ou seja, dessa forma o autor analisa os polímatas que dominaram conhecimentos ligados ao “currículo” ou campo intelectual, grosseiramente falando o campo do pensamento, indivíduos esse que contribuíram de forma clara e concisa para a história da humanidade, sejam homens ou mulheres e Burke faz isso de forma minuciosa, demonstrando as características e peculiaridades dessas pessoas, comparando e contextualizando cada um desses sujeitos.
Entre as características comuns dos polímatas estão: a capacidade de se concentrar nos momentos em que está estudando, ter prazer no ato de aprender uma notável velocidade de raciocínio, vício de trabalhar, alta capacidade de memorizar o que estudou, mas também uma imaginação fértil. Contudo, nem tudo são flores, pois os polímatas são inquietos, passam por crises nervosas e são extremamente competitivos, por vezes até são dispersos, o que é uma contradição a capacidade de concentração nos estudos.
Um aspecto interessante abordado por Burke é a quantidade de polímatas que foram ignorados ao longo dos séculos, ao menos eu não conhecia a maior parte deles e não tenho vergonha de dizer isso. Outro aspecto interessante é sobre o período renascentista ou do renascimento, pois aquele que reunia vários conhecimentos era valorizado e detinha status. Contudo, com o passar do tempo o “erudito” ou a pessoa considerada polímata passou a se tornar um especialista, um sujeito que dominava o máximo de conhecimento de apenas uma área específica.
Em suma, “O Polímata” foi uma leitura enriquecedora e também esclarecedora, Burke nos apresenta fatos e histórias de forma clara seja para os leigos e até mesmo para os estudiosos. Esse é um livro que certamente irei usar em diversos momentos da minha vida para consultas, até porque eu gosto e muito de estudar várias áreas do conhecimento, mas estou longe de ser um polímata. Por fim, esse livro traz reflexões importantes, uma delas recaí sobre a importância ou não de obter conhecimentos diversos nos dias de hoje, é realmente necessário conhecer e dominar várias áreas do conhecimento humano? Será que estamos vivendo uma crise do conhecimento?