Análise de Matrix Resurrections: uma sequência irregular, mas vertiginosamente lúdica

Já se passaram 20 anos e as pessoas simplesmente não param de falar sobre Matrix. Você pode esperar que o remix habilidoso de  Matrix Resurrections  seja apenas uma nostalgia para ganhar dinheiro, mas também é um comentário sobre a nostalgia para ganhar dinheiro, um refinamento e atualização das ideias do filme original e um aplauso exasperado para quem perdeu o ponto principal. últimas duas décadas.

Com armas. Muitas armas. E até algumas piadas.

Matrix Resurrections já foi lançado, nos cinemas e no serviço de streaming  HBO Max . Este filme de ficção científica visualmente cativante chega como uma ameaça da variante omicron, então você precisa tomar uma decisão informada sobre a visita aos cinemas. Certifique-se de verificar as orientações e restrições em sua área local. Se preferir, você pode transmitir o filme em casa – cortinas e casacos de couro opcionais.

Keanu Reeves retorna como Thomas Anderson, um geek de computador que vive uma vida insatisfeita e atormentado pela ideia de que talvez nada seja real. Sinais e presságios estranhos continuam aparecendo em sua vida, forçando-o a fazer uma escolha entre sair da segurança entorpecente da mundanidade ou buscar um caminho desconhecido e perigoso envolvendo algo chamado … Matrix.

Você leu certo: Matrix 4 é muito mais uma reconfiguração do início da série, não apenas voltando ao primeiro filme, mas revivendo-o e remixando-o, virando-o de cabeça para baixo e cutucando o que está dentro. A escritora e diretora original Lana Wachowski retorna ao mundo que ela criou com a irmã Lilly Wachowski (que não está envolvida desta vez), e o novo filme parece quase um comentário do diretor sobre o original. Os filmes originais já jogados com camadas de realidade de uma forma pós-moderna e auto-reflexiva, e Resurrections dobra-se com camadas e mais camadas de metaconsciência – na verdade, compará-lo com o comentário de um diretor parece muito antiquado , muito analógico: Resurrections é mais como uma regravação e remix de um álbum clássico, no espaço. 

Curiosamente, Resurrections é a segunda sequência de blockbuster este ano com um título e assunto ressuscitando uma série de filmes aparentemente morta. Como Ghostbusters: Afterlife , este novo filme Matrix aborda explicitamente seu próprio legado, já que a coisa original da vida real também é uma coisa na história, então os personagens do filme são fãs da coisa original, assim como o espectador. A tela prateada é um espelho.

Em Afterlife, isso se traduziu em tributos agradáveis ​​aos fãs que esmagaram uma nova direção promissora sob o peso da nostalgia gratuita. Mas em Ressurreições, Wachowski se recusa a agradar os fãs do filme. Na verdade, Resurrections aborda as muitas e variadas maneiras como o filme original foi adotado ou cooptado. Ele zomba de afirmações excessivamente sérias de que o simbolismo e as metáforas do filme significam isso ou aquilo, e revira os olhos exasperadamente para aqueles que “perderam o alvo” da infame pílula vermelha .

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Enquanto um Neo cansado e de meia-idade sofre por estar cercado por pessoas que não conseguem parar de falar com ele sobre o que Matrix realmente significa, as cenas de abertura do filme mostram como deve ter sido a vida nas últimas duas décadas para Reeves, e particularmente para os Wachowskis. Se você já voltou a assistir a um de seus filmes favoritos da juventude e o achou surpreendentemente diferente visto por olhos mais velhos (e, com sorte, mais sábios), você entenderá o que Lana Wachowski deve estar passando. A primeira metade de Ressurreição é menos questões trippy sci-fi sobre simulações e simulacros, e mais uma dissecação nervosa da arte sob o capitalismo. Uma reflexão sobre a reincidência artística de ressuscitar aquela obra de arte lucrativa da qual as pessoas vivem falando, mesmo que você não queira.

Mas, sabe, engraçado.

Isso não está me cismar alguma interpretação subtextual maluco, por sinal – o filme é literalmente sobre Keanu / Anderson sendo forçado a fazer uma literal, real sequela Matrix pelo literal, real Warner Bros. evocar o famoso meme Keanu triste , sofre Anderson em silêncio enquanto os nerds da Matrix gritam com ele. Essas primeiras cenas são um retrato sincero de um artista lutando com a agonia e a ansiedade do sucesso, como 8 1/2 com mais tiroteios.

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Falando em tiroteios, um dos grandes motivos pelos quais o Matrix dos anos 90 mudou tanto o jogo foi sua ação de cair o queixo. No auge da revolução do CG e explodindo a mente de todos com aquele efeito bullet time inovador, aquelas cenas de ação inesquecivelmente icônicas se abriram para que os Wachowskis pudessem arremessar em tantas grandes ideias.

Isso coloca muita pressão sobre este filme para inventar algo novo e espantoso. Novamente, isso é parte do filme, já que os personagens realmente discutem como podem superar o impacto cultural do bullet time. No entanto, destacar um problema de forma zombeteira não o resolve, e não há nada tão inovador ou tão empolgante quanto o primeiro filme. Na verdade, na era do CG, até mesmo as recriações do caos Matrix que desafia a gravidade parecem um pouco leves. Seções posteriores do filme apresentam um efeito digital, que provavelmente é extremamente inteligente, mas parece apenas uma sobra dos filmes recentes do Exterminador do Futuro .

Os efeitos podem não mudar o jogo, mas ainda há espaço para socos e chutes para colocar seu coração em sua boca. O clímax, por exemplo, apresenta um momento macabro impactando com uma ideia horripilante em vez de CG chamativo. E ainda assim as lutas oferecem uma encenação surpreendentemente inerte e trabalho de câmera estático. Claro, é bom realmente ver e seguir o que está acontecendo em perfurações que são mais claras do que a incompreensível edição tremida e indutora de chicotadas que arruína muitas cenas de ação ultimamente. Mas várias das cenas de luta são essencialmente recriações do original, só que sem tanta energia ou mesmo uma noção do que está em jogo. Você tem a sensação de que Wachowski não está mais interessado em bater e bater.