Estamos desenhando um novo programa, mas ele não será de renda básica universal;, disse Guedes, nesta quinta-feira (06/08), durante videoconferência organizada pela Fundação Internacional para a Liberdade (FIL), sediada em Madri.
Ao longo da palestra da entidade espanhola, o ministro destacou que o programa auxílio emergencial de R$ 600 que vem sendo distribuído para 64 milhões de pessoas escancarou uma realidade preocupante do país: 50 milhões de pessoas sem trabalho formal. Nesse número, ele incluiu 12 milhões de desempregados e 38 milhões de invisíveis que apareceram nessa crise, mas que não poderão continuar sendo atendidos com auxílio emergencial em sua totalidade.
;O Brasil está tentando socorrer essas pessoas vulneráveis e estamos descobrindo que, dos 38 milhões de invisíveis, pelo menos 6 milhões realmente precisam de assistência social;, afirmou. ;Vamos tentar ajudar os outros 32 milhões para conseguirem empregos em um novo sistema trabalhista;, afirmou. Ele disse que o governo pretende adotar medidas para promover emprego para essas pessoas que eram invisíveis para o governo, mas não detalhou como isso será feito, mas defendeu a criação de um novo imposto.
Ao citar o Bolsa Família, que teve o benefício triplicado de R$ 200 para R$ 600 com a criação do auxílio emergencial, ele lembrou o programa atende 20 milhões de pessoas. Com a ampliação, haveria a inclusão desses 6 milhões de vulneráveis, totalizando 26 milhões. Durante a palestra ele cometeu um ato falho sobre o valor do benefício, mas corrigiu em seguida, mas não citou de quanto será o auxílio do novo programa que vem sendo chamado de Renda Brasil.
Em sua fala, Guedes reforçou que o atual sistema trabalhista é uma ;máquina de destruição em massa de empregos;, por conta dos encargos, que acabam custando o dobro do salário do trabalhador. O ministro tenta emplacar um novo tributo no formato da antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), como contrapartida de receita para a desoneração da folha das empresas, como uma das etapas da proposta de reforma tributária que o Executivo pretende enviar ao Congresso.
Ontem, durante audiência pública da comissão mista da reforma tributária, Guedes foi bombardeado de críticas de parlamentares, inclusive o relator, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que deixaram claro que não vão aceitar qualquer aumento de carga tributária.
Ao ser questionado pelos organizadores sobre o assunto, o ministro defendeu a proposta em substituição a outros tributos, garantindo que, dessa forma, ;não haverá aumento de carga tributária;. ;O novo imposto está sendo desenhado para substituir um imposto cruel que reduz os empregos no Brasil;, afirmou. De acordo com ministro, o país tem 180 diferentes fundos que não funcionam e o governo pretende otimizar esses recursos em programas que funcionem de verdade e ajudem em políticas sociais. O ministro ainda voltou a denominar os políticos que ele considera corruptos, de criaturas do pântano;, que atrapalham o desenvolvimento econômico, apesar de o Congresso, segundo ele, agora ser mais reformista.
Apesar de solicitarem para fazer previsões sobre a economia brasileira, Guedes disse que não faz mais estimativas. No ano passado, o ministro afirmava que o Produto Interno Bruto (PIB) dobraria de tamanho se a reforma da Previdência fosse aprovada. Após crescer 1,3%, em 2017 e em 2018, o PIB brasileiro de 2019 avançou apenas 1,1%. Atualmente, a projeção Ele inclusive admitiu que, em Davos, na Suíça, no início do ano, ele afirmou que o Brasil ainda ia surpreender o mundo.
“O Brasil, depois da recessão, estava começando a decolar, mas fomos atingidos pela pandemia. E imediatamente mudamos a rota para adotar medidas de contenção do estrago e socorrer os mais vulneráveis;, afirmou. Segundo ele, o Brasil gastou com medidas de assistência social mais do que o dobro dos países emergentes e que só tem desembolsado menos do que os Estados Unidos. ;Nosso deficit primário passou de 1% do PIB para 11% do PIB devido aos programas de assistência social;, justificou. Contudo, ele garantiu que, no próximo ano, o governo vai ;reduzir dramaticamente; essas despesas a fim de respeitar o teto de gastos. “O que eu posso dizer é que o Brasil vai conseguir se recuperar mais rápido até mesmo do que os países desenvolvidos”, garantiu.
Ao comparar o Brasil com os países vizinhos, Guedes afirmou que há países que caminham para a prosperidade, como o Brasil e o Chile, que possuem governos liberais de direita, e outros, para miséria, citando Argentina e Venezuela, que possuem governos de esquerda. “Todo mundo sabe e temos exemplos na história, como a Alemanha Oriental e a Coreia do Norte”, disse.
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