A ERA DA ANSIEDADE – PETER TOWNSHEND

Sinopse: “Um cultuado e decadente astro do rock desaparece na região montanhosa da Cúmbria. Quando sua esposa o encontra, descobre que ele virou um pintor ermitão cujas obras evocam visões apocalípticas. Um negociante de arte, sob efeito de drogas pesadas, tem visões de rostos demoníacos gritando na guarda de sua cama, e sua esposa o abandona sem mencionar seu paradeiro. Uma bela jovem irlandesa, que ainda criança esfaqueou o próprio pai para salvar a irmã de abusos recorrentes, está determinada a seduzir e conquistar o marido de sua melhor amiga. Um jovem compositor inglês em ascensão começa a ter alucinações auditivas durante seus shows e crê estar ouvindo as manifestações de medo e ansiedade de seu próprio público. Ele abandona a carreira e transfere sua criatividade para a construção de labirintos verdes no jardim de sua casa. Impulsionados pela paixão e pela ambição musical, quatro vidas e duas gerações se encontram em uma espiral fora de controle – drogas leves, drogas pesadas, amores perdidos e reencontrados, famílias desfeitas e refeitas. Concebido como uma ópera rock, A era da ansiedade é o romance de estreia de Pete Townshend, que conduz sua inconfundível visão artística a novas e inesperadas direções. Alucinações e paisagens sonoras assombram sua narrativa, nos revelando uma meditação profunda sobre o mundo moderno, loucura e genialidade, e o lado obscuro da arte e da criatividade.”

Resenha/Opinião: Sim, o guitarrista Pete Townshend integrante original do grupo de rock The Who escreveu um livro, aliás, um romance. Pete está na ativa desde 1962, ou seja, são 60 anos dedicados a música e em 2019 ele publicou esse romance de estreia. Nesse livro, a lenda do rock aborda a ansiedade, mas também a loucura da vida moderna, algo que aflige muitas pessoas, só que ele faz isso através de duas gerações de uma família londrina, envolvendo os seus amigos e colaboradores.
A história gira em torno de quatro pessoas e elas tem em algo comum, uma profunda paixão pela música, uma ambição enraizada em seus seres, mas não é uma ambição movida pelo poder ou dinheiro, é algo movido intrinsecamente pela música. Outro fato em comum entre essas pessoas é a vida fora de controle que levam, algo totalmente desregrado.

Logo no início da leitura conhecemos Paul Jackson um grande ídolo do rock, ele é o líder de uma banda de rock progressivo, extremamente adorado e amado por muitos, Paul resolve desaparecer em uma região montanhosa após gravar um filme, pois o seu desejo é largar a vida da música e do cinema para se tornar um pintor, algo que ele consegue e os seus quadros são enigmáticos e de certa forma remetem ao fim do mundo. Nessa nova vida Paul adota o nome de Nikolai ou o “Velho Nik”.

Em paralelo conhecemos Louis um negociante de obras de arte, ele está constantemente sob efeito de drogas pesadas e precisa lidar com visões demoníacas. Durante a leitura conhecemos um jovem compositor inglês, ele tem sucesso em seu ofício e é reconhecido como um ótimo compositor, mas ele enfrentar as alucinações que começam a fazer parte da sua vida, não somente alucinações, mas também coisas estranhas que ele ouve durante os shows. Por último, temos uma jovem irlandesa que para salvar a irmã de constantes abusos, assassina o próprio pai e deseja profundamente conquistar o marido da sua melhor amiga.
Os personagens apresentados por Peter são complexos e possuem diversas camadas, você acompanha as suas conquistas e perdas, os erros e acertos que cometem em suas escolhes ou decisões, bem como os momentos de loucura que eles enfrentam durante as suas existências. Esse livro é um claro exemplo do processo artístico e como eles os artistas trabalham, bem como eles se desentendem, como são os conflitos internos e os demônios que precisam enfrentar.
Em suma, Pete criou um livro interessante e até por ser o seu primeiro romance devo confessar que ele criou um enredo e personagens super interessantes. Pete conduz o leitor ao caminho da reflexão, pois ele tece críticas sobre o mundo atual, mas principalmente sobre a dor, perda e loucura, sem deixar de lado a genialidade dos artistas, bem como a obscuridade que a arte pode apresentar.